O cérebro tem dois lados que trabalham juntos, mas são completamente diferentes um do outro. Durante muitos anos o lado esquerdo tem dominado o mundo no sentido de ter suas habilidades mais valorizadas. As engenharias, por exemplo, foram muito valorizadas durante um longo período de tempo. Porém, essa visão está mudando.
De forma resumida, o lado esquerdo é aquele que lê o texto e o direito o que lê o contexto. O hemisfério esquerdo é sequencial, literal, pragmático, textual e analítico; enquanto o direito é simultâneo, metafórico, estético, contextual e sintético. “O hemisfério esquerdo sabe lidar com a lógica, enquanto o direito conhece o mundo.” (McManus)
O lado direito do cérebro está tornando-se mais importante e necessário no mundo dos negócios e das profissões. E parte deste acontecimento se deve a era da informação ter mudado algumas profissões. Muitas coisas que antes eram realizadas pelos homens através de raciocínio linear (como texto e cálculo, que são atividades do lado direito do cérebro), hoje são realizadas pelo computador com facilidade superior e com uma velocidade absurda. Competir com o computador não é uma opção. Devemos usar ele como ferramenta, e buscar formas de estimular o lado direito do nosso cérebro buscando novas opções. No design, o rascunho é uma forma de nos libertarmos das formas retas e perfeitas do computador e tentar ativar a criatividade (lado direito).
As atividades do tipo E (do lado esquerdo do cérebro) estão aos poucos perdendo seu valor, até porque existem lugares onde a mão de obra é mais barada para desenvolver este tipo de atividade. Porém, isto não significa que estas atividades irão sumir, pois elas vão continuar sendo necessárias.
O autor do livro “O cérebro do futuro – A revolução do lado direito do cérebro”, Daniel Pink, diz que estamos entrando na Era Conceitual e que os principais personagens desta nova era são o criador e as pessoas empáticas, cuja aptidão peculiar é o domínio da atividade cerebral do tipo D (do lado direito do cérebro). Essa transição é alimentada pela riqueza (abundância), o progresso tecnológico (a automação dos mais diversos tipos de funções intelectuais) e a globalização (migração de alguns tipos de trabalho do conhecimento).
Para sobreviver bem a essa era você precisa fazer algum trabalho que não possa ser feito no exterior por um preço mais barato e também que o computador não possa fazer por você. Além disso, você precisa verificar se existe demanda para o que você está oferecendo nessa era de abundância.
Ser high tech já não é suficiente. Segundo Daniel Pink, precisamos ser high concept e high touch. Isto é, precisamos desenvolver capacidade de criar beleza artística e emocional, de perceber padrões e oportunidades, de conhecer narrativas interessantes e de combinar idéias que parecem desconexas para criar algo novo (high concept). Alem disso, precisamos desenvolver a capacidade de criar laços de empatia, de compreender as sutilezas das interações humanas, de encontrar alegria interior e de enxergar além da superfície na busca de propósito e sentido (high touch).
Apesar destas aptidões em geral serem comuns nas características dos designers, já que design está mais relacionado às atividades do lado direito do cérebro, é possível sermos designers pobres de resultados ou insensíveis aos acontecimentos a nossa volta. Pois se você está vazio e perdido, sua produção de design será vazia e perdida. Precisamos estar cheios de sentido no nosso interior para poder fazer design de sentido (produção exterior).
2 comentários:
Muito bom artigo, mas penso que a grande questão hoje nao só para os designers, mas para a sociedade como um todo é a questão da convergência tecnológica que está afetando nossas vidas de forma profunda. Como designer sempre usei mais o lado direito do cérebro, mas hoje estou sendo obrigado a desenvolver o lado racional e analítico. Seja no flash aprendendo action script, seja nos projetos analisando os aspectos práticos de planejamento e produção das campanhas. Observo que as pessoas estão tendo que desenvolver suas habilidades correlatas. Onde vai dar isso? Não sei, mas acredito que as mudanças serão positivas e quiçá passem a existir pessoas mais "equilibradas". Nem racionais demais, nem emocionais demais.
Abração
Fábio Bastos
Com certeza Fábio! Cada vez mais ter um conhecimento amplo faz diferença. Acredito que o mais importante é fazer bem o que você faz, em primeiro lugar. O detalhe está em como fazer cada vez melhor e o que buscar de conhecimento para isso, seja um conhecimento mais voltado ao lado direito ou mesmo o esquerdo. Sem dúvida os conhecimentos do lado esquerdo não vão "sair de moda" e não são dispensáveis. A questão é que agora não basta só se especializar em algo técnico, precisamos cada vez mais ter tato para as coisas que nos cercam de forma em geral.
Abraço,
Ligia
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