19 de fevereiro de 2010

Decisão


Você já percebeu que cada decisão que você toma define a sua vida? Nós somos hoje um somatório das decisões que tomamos no passado, sejam pequenas ou grandes. E seremos algo que será resultado das nossas decisões hoje.


Como tomar uma decisão? Como saber se estamos tomando a decisão certa? Não existe decisão certa, mas talvez a mais apropriada. Saber qual decisão tomar é algo bem delicado e depende de vários fatores e valores que cada um atribui às coisas ou pessoas em sua vida.

O melhor é quando só temos um caminho e a decisão não precisa ser tomada. Mas que graça teria a vida se não existissem momentos de indecisão e inquietações? Há algo de muito bom nas inquietações: elas nos fazem refletir sobre nossa vida e muitas vezes nos fazem mexer um pouco com ela (o que pode ser muito saudável). Dúvidas como qual faculdade cursar; qual proposta de trabalho escolher; casar ou comprar uma bicicleta; são sempre escolhas difíceis e a minha dica é avaliar o que é importante para você hoje e o que você acredita que será importante para você no futuro.

Tente fazer uma lista de prioridades da sua vida. Algumas sugestões para pensar: casamento, estudos, namorado (a), filhos, Deus, bicicleta, trabalho, dinheiro, amigos, sorvete, família, cachorro, chocolate... Depois da lista pronta, avalie o que as opções que você tem irão afetar, positiva ou negativamente, o que é prioridade para você.

Se este texto não está ajudando muito, então não se preocupe. Tome sua decisão e avalie depois se foi uma boa escolha. Tente aprender com as decisões tomadas anteriormente e transforme em conhecimento para as próximas a serem tomadas. Algumas decisões nós podemos voltar atrás, outras não. E perder oportunidades não é algo louvável, apesar de fazer parte da vida. Porém, talvez o mais importante sejam as decisões que você faz no dia a dia, pois estas escolhas que mal percebemos nos fazem ser quem nós somos.

(Escrito em 17/10/2008)

7 de junho de 2009

História + Internet


O ser humano sente necessidade de comunicar suas experiências e suas histórias para outras pessoas, como uma forma de reafirmação de sua existência. Como se para existirmos seja necessário sermos percebidos pelos outros a nossa volta. Histórias fazem parte da nossa vida há muito tempo.


A abundância de informação da era da informação aumentou a necessidade de sentido. Uma das maneiras de acharmos sentido é contando nossas próprias histórias, pois assim conseguimos externar o que acreditamos que somos, parecendo assim algo mais palpável. Em outras palavras, o sentido é um fator intangível, pois está relacionado a sentimentos, emoções e desejos. E as histórias ajudam a torná-lo mais tangível.

As histórias aguçam nossa compreensão e quase sempre trazem um impacto emocional, elas oferecem contexto enriquecido por emoções. Os centros emocionais do cérebro são parte integrante do que constitui pensar, raciocinar e ser inteligente (Caruso e Salovey). Isso significa que a importância do lado emocional nas nossas vidas está tomando uma abrangência maior a partir do momento que entendemos que ele nos ajuda a ampliar nosso leque de entendimento e raciocínio.

Daniel Pink, em seu livro “O cérebro do futuro – A revolução do lado direito do cérebro”, escreve:

“Nossa tendência a ver e explicar o mundo em narrativas comuns está tão profundamente arraigada em nós que muitas vezes não nos damos conta – mesmo quando nós mesmos as escrevemos. Na Era Conceitual, porém, temos de despertar para o poder da narrativa.”

Os médicos, por exemplo, cada vez mais têm percebido que precisam aumentar a capacidade de ouvir e entender as histórias de seus pacientes, se envolvendo mais profundamente (e emocionalmente) com eles. Devido a isso, algumas faculdades de medicina já adicionaram seminários sobre medicina narrativa, onde os alunos aprendem a ouvir de maneira mais empática os seus pacientes. Assim, eles podem se identificar mais com os pacientes e compreender seu estado através de uma história de vida mais completa.

Pink diz: “Nós somos nossas histórias. Compactamos anos de experiências, reflexões e emoções em narrativas sintéticas que passamos para as outras pessoas e refletimos para nós mesmos”. Nós somos as nossas escolhas e o que conseguimos contar delas (ou distorcer delas).

As “narrativas sintéticas” são um bom exemplo de uso do site www.twitter.com. Este micro-blog (como alguns o chamam) tem agradado as pessoas que o usam por que, além de ser uma forte fonte de informações (e também uma fonte muito rápida de informação), nele contamos pequenas histórias e lemos várias ouras pequenas histórias, vivendo em comunidade, fazendo parte de alguma forma da vida de nossos amigos ou de pessoas desconhecidas. Como seres humanos, sentimos necessidade de que outras pessoas sejam testemunhas de nossas vidas para assim sentirmo-nos mais vivos. Através das histórias que contamos para nós mesmos e para os outros, nossa vida parece ser mais palpável. É bom saber que alguém está ouvindo o que você tem a dizer, principalmente nestes tempos de correria e onde os amigos e família encontram-se longe.

O usuário tem o poder de decidir como quer usar as ferramentas que apresentam a ele através da web, usando a criatividade e a liberdade que é dada. O Twitter tem sido usado de várias maneiras e para muitas coisas que não apenas responder a pergunta “O que você está fazendo?”, a qual é a proposta feita por seus criadores. O fato é que o Twitter é aberto à criatividade e o usuário decide como ele vai usar a ferramenta. De um jeito ou de outro o usuário está no Twitter contando sua história: através de uma simples resposta a pergunta original; contando um fato do passado; escrevendo seus pensamentos; ou ainda interagindo com outras pessoas. O usuário está montando sua história, contando-a de variadas maneiras.

As histórias são importantes e fortes porque reúnem num único pacote: informação, conhecimento, contexto e emoção. E elas estão ganhando espaço na Era do Conhecimento no momento que ajudam as pessoas a buscarem uma compreensão mais profunda acerca de si mesmas e de seu objetivo de vida.

30 de novembro de 2008

Design e o lado direito do cérebro


O cérebro tem dois lados que trabalham juntos, mas são completamente diferentes um do outro. Durante muitos anos o lado esquerdo tem dominado o mundo no sentido de ter suas habilidades mais valorizadas. As engenharias, por exemplo, foram muito valorizadas durante um longo período de tempo. Porém, essa visão está mudando.

De forma resumida, o lado esquerdo é aquele que lê o texto e o direito o que lê o contexto. O hemisfério esquerdo é sequencial, literal, pragmático, textual e analítico; enquanto o direito é simultâneo, metafórico, estético, contextual e sintético. “O hemisfério esquerdo sabe lidar com a lógica, enquanto o direito conhece o mundo.” (McManus)

O lado direito do cérebro está tornando-se mais importante e necessário no mundo dos negócios e das profissões. E parte deste acontecimento se deve a era da informação ter mudado algumas profissões. Muitas coisas que antes eram realizadas pelos homens através de raciocínio linear (como texto e cálculo, que são atividades do lado direito do cérebro), hoje são realizadas pelo computador com facilidade superior e com uma velocidade absurda. Competir com o computador não é uma opção. Devemos usar ele como ferramenta, e buscar formas de estimular o lado direito do nosso cérebro buscando novas opções. No design, o rascunho é uma forma de nos libertarmos das formas retas e perfeitas do computador e tentar ativar a criatividade (lado direito).

As atividades do tipo E (do lado esquerdo do cérebro) estão aos poucos perdendo seu valor, até porque existem lugares onde a mão de obra é mais barada para desenvolver este tipo de atividade. Porém, isto não significa que estas atividades irão sumir, pois elas vão continuar sendo necessárias.

O autor do livro “O cérebro do futuro – A revolução do lado direito do cérebro”, Daniel Pink, diz que estamos entrando na Era Conceitual e que os principais personagens desta nova era são o criador e as pessoas empáticas, cuja aptidão peculiar é o domínio da atividade cerebral do tipo D (do lado direito do cérebro). Essa transição é alimentada pela riqueza (abundância), o progresso tecnológico (a automação dos mais diversos tipos de funções intelectuais) e a globalização (migração de alguns tipos de trabalho do conhecimento).

Para sobreviver bem a essa era você precisa fazer algum trabalho que não possa ser feito no exterior por um preço mais barato e também que o computador não possa fazer por você. Além disso, você precisa verificar se existe demanda para o que você está oferecendo nessa era de abundância.

Ser high tech já não é suficiente. Segundo Daniel Pink, precisamos ser high concept e high touch. Isto é, precisamos desenvolver capacidade de criar beleza artística e emocional, de perceber padrões e oportunidades, de conhecer narrativas interessantes e de combinar idéias que parecem desconexas para criar algo novo (high concept). Alem disso, precisamos desenvolver a capacidade de criar laços de empatia, de compreender as sutilezas das interações humanas, de encontrar alegria interior e de enxergar além da superfície na busca de propósito e sentido (high touch).

Apesar destas aptidões em geral serem comuns nas características dos designers, já que design está mais relacionado às atividades do lado direito do cérebro, é possível sermos designers pobres de resultados ou insensíveis aos acontecimentos a nossa volta. Pois se você está vazio e perdido, sua produção de design será vazia e perdida. Precisamos estar cheios de sentido no nosso interior para poder fazer design de sentido (produção exterior).

O mundo hoje tem buscado pessoas que consigam ver além e que consigam interagir com um mundo de possibilidades e de conhecimento, escolhendo as opções de valor. Precisamos ser pessoas de conteúdo e pessoas sensíveis ao mundo e às pessoas a nossa volta. A valorização do designer nessa nova era se dará justamente quando ele for um designer de contexto, de conhecimento amplo, de personalidade e de sentido.

16 de outubro de 2008

Por que manter a equipe motivada


Parece óbvio falar sobre motivação. As respostas logo surgem em nossas mentes. Mas vamos tentar entrar mais à fundo na desmotivação para então ver por que realmente é importante manter as pessoas de um time motivadas.

As pessoas se dedicam a alguém e ficam felizes se recebem de volta a mesma dedicação. Numa ligação do indivíduo com a empresa existe o mesmo tipo de relacionamento. É uma troca que dever ser “ganha-ganha” para o bem tanto do colaborador quanto da empresa.

E quando falo em motivação dos colaboradores não falo de salário. Salário, em geral, é um fator higiênico. Segundo a teoria higiênico-motivacional (de Frederick Herzberg, 1959), fatores higiênicos são todos aqueles que as pessoas esperam como sendo o mínimo para trabalhar (são considerados fatores de manutenção para impedir a insatisfação). A falta deles causa desmotivação (por exemplo, um baixo salário), porém, a existência deles não garante motivação. De outro lado, temos os fatores motivacionais, que estão ligados a sentimentos de auto-realização e reconhecimento, os quais são responsáveis pela satisfação das pessoas no trabalho e conduzem ao melhor desempenho. Alguns exemplos de fatores motivacionais são: conquistas pessoais, reconhecimento, o próprio trabalho realizado, responsabilidades, promoção e crescimento.

Existem outras teorias, mas em geral podemos lembrar que motivação é um processo que varia de indivíduo para indivíduo em função de seus objetivos pessoais. E algo bem interessante é que os motivos de motivação de uma pessoa muda conforme o passar do tempo. Talvez uma boa maneira de motivar as pessoas seja descobrir qual é a cenoura de cada um, em determinado tempo. E acredito que isto pode ser melhor identificado analisando qual o nível na pirâmide de Maslow o indivíduo está (fisiológico, segurança, social, estima ou auto-realização), porque dependendo de suas necessidades na vida ele pode ter uma motivação agora e outra no próximo ano.

Deixando as teorias de lado, vamos pensar na parte mais simples: uma pessoa desmotivada não é boa nem pra ela mesma nem para a empresa, pois elas trabalham mal, sem vontade e sem qualidade. Portanto, cabe aos líderes e todos do grupo cooperar para motivação mútua da equipe.

Você consegue pegar um profissional muito bom e torná-lo medíocre através da desmotivação. Quando as pessoas estão felizes/alegres, elas vêem mais opções, mais solução para os problemas (sejam eles pequenos ou grandes). Isto é, o leque de opções é maior e as coisas são encaradas de forma mais simples. Uma pessoa desmotivada começa a ver cada vez menos possibilidades simples para solução dos problemas no dia a dia do trabalho e, com isso, “tempestade em copo d´água” torna-se comum, contaminando a equipe toda. A pessoa desmotivada começa gradativamente a se sentir diminuída e vazia, conseqüentemente começa a desconfiar de seu potencial e a se menosprezar, comprometendo cada vez mais suas chances de crescimento.

Tente motivar as pessoas à sua volta e verás que tudo fica melhor. Entenda as pessoas como seres humanos cheios de problemas e necessidades assim como você. Não espere as atitudes partirem dos outros, comece você fazendo algo pela pessoa que você percebe atrito. Deste jeito poderá se surpreender com os resultados. O ambiente de trabalho depende tanto das outras pessoas quanto de você mesmo. E você é responsável pela qualidade de trabalho no seu grupo, sendo você um líder ou um membro da equipe.

Se você é um líder, dedique-se aos seus queridos como um bom pai faz com os filhos. Escute-os. Defenda-os quando tiverem razão. Seja duro quando precisarem de limites. Seja paciente com a demora do aprendizado (cada um tem seu tempo). Entenda que nem sempre eles vão te entender, mas você precisa criar confiança para ser um líder pela autoridade e não pelo poder. Poder é a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade mesmo que a pessoa preferisse não o fazer, usando de poder ou força. Autoridade é a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa da sua influência pessoal ou pela pessoa que você é. É levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer porque você pediu.

Ache o equilíbrio entre ser duro e ser amável.

Antes de motivar os outros, dedique-se a achar formas de motivar a si próprio, pois é muito mais fácil motivar as pessoas na sua volta se você trabalhar com alegria e amor pelo trabalho. Procure algo de bom no seu trabalho, tente fazer uma lista e pense nas coisas boas, tentando deixar as ruins de lado. Se agarrar às coisas negativas nunca trará felicidade, a não ser que elas sejam motivacionais para procurar um emprego melhor. E neste caso vá atrás, mas de forma motivada, por favor.

As empresas não procuram pessoas amargas para trabalhar. Então, tente ser uma pessoa crítica, mas não negativa. O que às vezes é bem difícil conseguir. Mas pense assim: analise criticamente, mas fale positivamente e com sinceridade (hipocrisia não convence ninguém). Tente usar a crítica para construir, para mudar. Faça você a diferença.

Não esqueça que as pessoas que trabalham com você hoje serão seus contatos amanhã e serão elas que indicarão você, ou não, em novas possibilidades no futuro.

Trabalhar em equipe significa dedicar-se ao grupo e trabalhar como parceiros para um objetivo comum.

Agora cabe a você escolher ser conhecido como um motivador ou como o ranzinza da equipe.