7 de junho de 2009

História + Internet


O ser humano sente necessidade de comunicar suas experiências e suas histórias para outras pessoas, como uma forma de reafirmação de sua existência. Como se para existirmos seja necessário sermos percebidos pelos outros a nossa volta. Histórias fazem parte da nossa vida há muito tempo.


A abundância de informação da era da informação aumentou a necessidade de sentido. Uma das maneiras de acharmos sentido é contando nossas próprias histórias, pois assim conseguimos externar o que acreditamos que somos, parecendo assim algo mais palpável. Em outras palavras, o sentido é um fator intangível, pois está relacionado a sentimentos, emoções e desejos. E as histórias ajudam a torná-lo mais tangível.

As histórias aguçam nossa compreensão e quase sempre trazem um impacto emocional, elas oferecem contexto enriquecido por emoções. Os centros emocionais do cérebro são parte integrante do que constitui pensar, raciocinar e ser inteligente (Caruso e Salovey). Isso significa que a importância do lado emocional nas nossas vidas está tomando uma abrangência maior a partir do momento que entendemos que ele nos ajuda a ampliar nosso leque de entendimento e raciocínio.

Daniel Pink, em seu livro “O cérebro do futuro – A revolução do lado direito do cérebro”, escreve:

“Nossa tendência a ver e explicar o mundo em narrativas comuns está tão profundamente arraigada em nós que muitas vezes não nos damos conta – mesmo quando nós mesmos as escrevemos. Na Era Conceitual, porém, temos de despertar para o poder da narrativa.”

Os médicos, por exemplo, cada vez mais têm percebido que precisam aumentar a capacidade de ouvir e entender as histórias de seus pacientes, se envolvendo mais profundamente (e emocionalmente) com eles. Devido a isso, algumas faculdades de medicina já adicionaram seminários sobre medicina narrativa, onde os alunos aprendem a ouvir de maneira mais empática os seus pacientes. Assim, eles podem se identificar mais com os pacientes e compreender seu estado através de uma história de vida mais completa.

Pink diz: “Nós somos nossas histórias. Compactamos anos de experiências, reflexões e emoções em narrativas sintéticas que passamos para as outras pessoas e refletimos para nós mesmos”. Nós somos as nossas escolhas e o que conseguimos contar delas (ou distorcer delas).

As “narrativas sintéticas” são um bom exemplo de uso do site www.twitter.com. Este micro-blog (como alguns o chamam) tem agradado as pessoas que o usam por que, além de ser uma forte fonte de informações (e também uma fonte muito rápida de informação), nele contamos pequenas histórias e lemos várias ouras pequenas histórias, vivendo em comunidade, fazendo parte de alguma forma da vida de nossos amigos ou de pessoas desconhecidas. Como seres humanos, sentimos necessidade de que outras pessoas sejam testemunhas de nossas vidas para assim sentirmo-nos mais vivos. Através das histórias que contamos para nós mesmos e para os outros, nossa vida parece ser mais palpável. É bom saber que alguém está ouvindo o que você tem a dizer, principalmente nestes tempos de correria e onde os amigos e família encontram-se longe.

O usuário tem o poder de decidir como quer usar as ferramentas que apresentam a ele através da web, usando a criatividade e a liberdade que é dada. O Twitter tem sido usado de várias maneiras e para muitas coisas que não apenas responder a pergunta “O que você está fazendo?”, a qual é a proposta feita por seus criadores. O fato é que o Twitter é aberto à criatividade e o usuário decide como ele vai usar a ferramenta. De um jeito ou de outro o usuário está no Twitter contando sua história: através de uma simples resposta a pergunta original; contando um fato do passado; escrevendo seus pensamentos; ou ainda interagindo com outras pessoas. O usuário está montando sua história, contando-a de variadas maneiras.

As histórias são importantes e fortes porque reúnem num único pacote: informação, conhecimento, contexto e emoção. E elas estão ganhando espaço na Era do Conhecimento no momento que ajudam as pessoas a buscarem uma compreensão mais profunda acerca de si mesmas e de seu objetivo de vida.